quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O que é Bruxaria - Parte I de III



A Bruxaria é a Antiga Religião dos povos ancestrais, que após quase 2000 anos de exclusão e desaparecimento, ressurgiu nos idos de 1940 com o nome de Wicca, quando foi reorganizada e restaurada por Gerald Brosseau Gardner.


Para exemplificar a origem religiosa da Bruxaria, podemos dizer que a primeira forma primitiva de religiosidade foi a Feitiçaria, que era simplesmente a prática de artes mágickas feita sem fundamento divino. Da Feitiçaria surgiu o Xamanismo, que foi a primeira Religião propriamente dita e que revelou ter um apanhado complexo de conhecimentos teológicos e práticas mágickas, tudo fundamentado na interação entre humanos e Deuses, animais, e plantas sagradas. Com o surgimento das primeiras cidades, veio o Paganismo, que deriva do latim pagani, significando “aquele que vive no campo”. O Paganismo se caracteriza por um culto estabelecido das forças férteis da Terra, para assegurar boas colheitas, filhos sadios, entre outras práticas. E do Paganismo surge a Bruxaria em si, como Religião organizada e estruturada em graus iniciáticos, devido à influência de certas sociedades secretas da renascença e do iluminismo francês. A Wicca é apenas uma das vertentes da Bruxaria e tem base nas antigas crenças dos celtas, um antigo povo nômade que vivia na região que hoje é a Grã-Bretanha, França, Itália, entre outros países europeus.
Como em inglês a palavra “Bruxaria” é traduzida como witchcraft (Arte da Bruxa), os Bruxos muitas vezes se referem à Bruxaria simplesmente como “A Arte”.
A Arte é uma Religião muita bem organizada e sistematizada, sendo que nela abolimos a prática de sacrifícios de animais, que eram freqüentes na Feitiçaria e na Magia medieval. E é muito difícil explicarmos em palavras o que é Bruxaria, principalmente após séculos de banalização e superstição em cima desse assunto.
A palavra Wicca deriva do inglês arcaico wicce ou do saxão wich, que significam “girar, dobrar, moldar”. Porém vemos corruptelas desse termo em diversos outros idiomas, sempre expressando algo relacionado à Magia.
A Arte pretende celebrar os ciclos da Natureza e busca sua inspiração nas religiões pré-cristãs de culto à Deusa, nas celebrações dos ciclos anuais das colheitas, ao culto do Deus fertilizador da Terra e várias outras expressões religiosas primitivas e naturais.
Não temos ligação alguma com praticas orientais, africanas ou indígenas, embora convivamos bem com todas as religiões, pois todas têm ensinamentos maravilhosos a nos dar.
Hoje a Bruxaria é uma Religião legalizada e muito pouco conhecida entre os brasileiros, até porque muitos ouvem falar em Bruxas e pensam ser elas apenas coisa de contos de fada. Já outras a associam com práticas de adoração ao demônio, o que chega a ser engraçado, já que não acreditamos nele. E mesmo assim, ainda sofremos com o preconceito dos desavisados.
Os Bruxos se reúnem em assembléias locais, chamadas de Covens, sendo muitas vezes compostas por um número que varia de três a treze membros, os chamados Coveners. Números ímpares são ideais, mas não é uma regra geral, tanto que existem Covens com trinta, quarenta e até mais de cem membros em algumas regiões metropolitanas de São Paulo.
A palavra “paganismo” tem sido muita estigmatizada durante os séculos que se passam. O pagão é sempre associado a festas bacanais, cultuando o lema “sexo, drogas e rock’n’roll”, enfeitiçando meio mundo para alimentar suas supostas mentes perturbadas. O fato de celebramos a vida, faz a imagem do pagão ser deturpada em algo desse gênero, o que até chega a ser engraçado.

Outros estigmas associados a nós são:
1- vestem-se de preto
2- andam sempre sorumbáticos
3- usam drogas
4- as mulheres são promíscuas
5- idolatram o demônio.
6- os homens são afeminados, já que idolatram uma deusa.
7- só querem ser diferentes.
8- gastam dinheiro à toa, comprando Bruxinhas, gnomos, duendes.
9- são feios, nerds e geeks
10- (e o meu preferido) Adoram Paulo Coelho.

Não há uma relação hierárquica sólida entre os Bruxos, como existe em outras religiões. Nos rituais dos Covens existem aqueles que conduzem as celebrações e falam em nome dos Deuses: são o Sumo Sacerdote e a Suma Sacerdotisa, mas eventualmente cada Covener acaba assumindo esse papel uma vez ou outra. O Sacerdócio wiccano é cíclico e não há distinção oficial entre os Sacerdotes e a grei.
Na Arte, todos participam igualmente em rituais do Coven, ao contrário da maioria das religiões ocidentais, em que as pessoas se sentam e alguém as dirige. À vontade de todos os envolvidos é o que gera o poder do ritual, o qual é guiado para um fim específico focado pelos Coveners. Assim o poder se manifesta.
Os rituais praticados na Arte têm a intenção de serem meios para entrarmos em contato com nossa divindade interna e com as forças criadoras do Universo, para que possamos tornar nossas vidas mais equilibradas e plenas de alegria.
Além dos Bruxos que participam de Covens, há aqueles que já nascem em uma família de Feiticeiros, e que são chamados Bruxos Hereditários. Eles têm práticas próprias dentro da família, cultuam seus ancestrais e tem, muitas vezes, seus próprios mitos e histórias a contar. Não tem um número máximo ou mínimo para o total de membros e também nem todos na família sentem vontade de manter as Tradições, pois a Arte é algo que não toca no coração de todos.
E por ultimo, e não menos importantes, existem os Bruxos Solitários, que pelo fato de não acharem um Coven para de afiliarem, ou, por não quererem se afiliar, escolhem um caminho próprio e praticam sues rituais da forma que querem, sem seguir necessariamente as fontes tradicionais da Arte. Os solitários são mais espontâneos, mas muitas vezes isso pode acarretar em mau uso do seu poder pessoal, pois um treinamento mágicko e teológico sempre é mais vantajoso na hora de fazer um ritual corretamente.
Algumas Tradições da Arte são Herméticas (fechadas), como os Hereditários, e outras dividem seus conhecimentos com os não iniciados (ou cowans). A Wicca Gardneriana é hermética, mas com o passar dos tempos os seus ensinamentos foram divulgados, mas todo cuidado é necessário, pois o conhecimento deve ser usado para a evolução da raça humana, e não para fins egoístas.
A Arte, de uma forma geral, ergue-se sobre três conceitos básicos:

· O culto à Deusa Mãe e ao Deus Pai
· A crença na Reencarnação
· O conhecimento e uso da Magia[1]


A Bruxaria não vê o Divino como algo distante, o Deus e a Deusa representam a polaridade criadora do Universo e ambos estão dentro de nós. Eles se manifestam em toda a Natureza, e como nós fazemos parte da Natureza, somos parte do corpo deles. Os Deuses são iguais, calorosos, afetuosos, e não estão separados da humanidade, ou seja, não moram num “Paraíso” nos confins do Universo, mas estão onipresentes em cada átomo existente no Cosmos. Podem ser tocados e sentidos, assim como vemos o Sol e a Lua e assim como tocamos a Terra. Os wiccanos, que são os praticantes da Wicca, vivem tudo isso no dia-a-dia.
Os Bruxos procuram reviver o culto à Deusa e ao Deus, que na Tradição celta, representavam as duas forças cósmicas primárias veneradas e invocadas em seus rituais. Mas Ela, a Grande Mãe, é mais cultuada pelos Bruxos modernos, pois a Bruxaria é uma Religião matrifocal. Já que a Wicca é uma Tradição focada na Natureza, os wiccanos acompanham um calendário litúrgico em suas práticas rituais, que se baseia nas mudanças que ocorrem através das estações do ano e dos ciclos lunares. Ao todo são 21 rituais anuais: 13 Esbbaths (rituais de Lua Cheia) e 8 Sabbaths (rituais sazonais).

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